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Vanessa Deister

Crônicas de quarentena: “Visitado o Google Arts & Culture”



Olá! Tudo bem? Primeiro CLIQUE AQUI e navegue um pouco.


Agora reflita comigo.... O que é um museu?


Para a maioria das pessoas, um museu é um depósito de restos civilizatórios, um lugar que abriga memórias através de ruínas que lembram vagamente culturas antigas. Outros acreditam que o museu é um lugar muito glamouroso, local de intensa experiência estética frente às obras de arte mais importantes de todos os tempos.


Para o filósofo Giorgio Agamben, nos museus os turistas se comportam como uma nova espécie de “peregrinos contemporâneos”, pois eles vagam entre as obras, como fieis vagam entre as imagens dos santos dentro dos templos. Uma mistura de admiração, encantamento, inquietude e... afastamento, incompreensão, questionamento...



De fato, alguns museus são feitos de ruínas, outros de grandes obras de arte. Existem museus tão variados: museus de espécies em extinção, de histórias em quadrinhos, de esculturas em cera, instrumentos musicais, esqueletos de dinossauros... Estão nos museus armazenados com muito cuidado os objetos que a humanidade valoriza. Valoriza ao ponto de dispender grandes quantias de dinheiro e energia para garantir permanência. Sendo assim, um museu é permanência! Um museu é a nota constante de uma música que teima em não transformar-se em silêncio. Museu é preservação, é continuidade... existência!


O papel do museu é muito maior que glamour ou memória. Para qualquer artista, o museu é um lugar de pesquisa, de devir, de experiência. Todos deveriam ser capazes de experimentar a complexidade da experiência de entrar em um grande museu (ou em um pequeno, da sua cidade). Mas para ser capaz de experimentar profundamente a passagem por um museu, antes é necessário capital simbólico (educação... formação!). Essa formação geralmente não começa pelo museu. Ela começa pela família, passa pela escola e culmina no parque de diversões do artista: o museu.


Que tal aproveitar o isolamento forçado e repensar sua relação com essas instituições tão importantes chamadas “museus”? Transforme esse icônico momento em uma oportunidade de trocar experiências com sua família!

Chame todos que estão ao seu lado, abra um livro de história também. Chame seus avós (que fora-m os primeiros a ficarem em casa e são museus vivos!), faça muita pipoca ... Pois hoje sua família não irá assistir um filme... Hoje à noite vocês irão passear de forma interativa pelas ruas e avenidas mais famosas do planeta... Entrar naqueles museus que aparecem nos filmes e conhecer boa parte do acervo!


É claro que em algum momento você vai sentir vontade de conhecer presencialmente todos esses lugares. Muito provavelmente sua família observará que as ferramentas são limitadas. Nem sempre vocês conseguirão entram nas portas ou passar pelos corredores selecionados. O universo digital não substitui o real. Sabemos que quando o isolamento dura meses, o contato humano passa a ser uma necessidade. Por mais que ferramentas virtuais nos aproximem do mundo, elas também nos mantêm afastados. Quem sabe após toda a experiência de quarentena não só sua família, mas toda nossa sociedade reveja valores?


Por hora, aproveite seu privilégio de classe de uma quarentena on-line para se conectar a lugares que você nunca foi e que estão tão isolados quanto você. Aproveite para conhecer a memória, o glamour, o devir, a proximidade, o encantamento dos espaços reais que também são digitais... Aproveite para refletir sobre todas as culturas, as pinturas, as composições musicais e as danças já criadas pelo homem no transcurso da história e sinta-se conectado.. Sinta-se humano!


Agora CLIQUE AQUI e navegue novamente (transformando sua experiência em algo mais imersivo e interativo)... Bom passeio!


Texto por Vanessa Deister

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